- Privilegie, nas suas intervenções, o papel de agente mobilizador de comportamentos pró-sociais e pró-saúde, planeando estratégias de cuidado da organização, prevenção e promoção da Saúde Psicológica e da resiliência dos trabalhadores e trabalhadoras e dos/as líderes, que incluam a intervenção nos riscos psicossociais e o acompanhamento das exigências que o trabalho presencial e o teletrabalho colocam aos trabalhadores e trabalhadoras.
- Promova o desenvolvimento de uma cultura de integração entre a vida pessoal e profissional, focada na Saúde Psicológica e no bem-estar, e baseada na confiança dos/as gestores/as e na responsabilidade dos trabalhadores e trabalhadoras. A adopção de práticas promotoras do equilíbrio não é suficiente se não for sustentável no tempo e enquadrada numa cultura organizacional que reflita esses valores e compromisso. As políticas de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional devem ser integradas na cultura organizacional e não funcionar como uma resposta reactiva às dificuldades pontuais dos/as trabalhadores/as.
COMPROMISSO COM O EQUILÍBRIO ENTRE A VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL
Recomendações para Psicólogos e Psicólogas
- Apoie a elaboração de políticas de integração entre a vida pessoal e profissional. É importante definir políticas claras, que esclareçam as possibilidades e apoios disponíveis e encorajem os trabalhadores e trabalhadoras a utilizá-las.
- Crie actividades e intervenções em grupo e/ou individuais para exploração e ajuste das expectativas, gestão das emoções, estratégias para desligar psicologicamente do trabalho, treino das estratégias facilitadoras do equilíbrio pessoal e profissional.
- Incentive a auscultação regular dos trabalhadores e trabalhadoras sobre as dificuldades sentidas de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, possibilitando a sugestão de propostas de conciliação que gostassem de ver implementadas na organização. Neste momento de crise, converse com os trabalhadores e trabalhadoras de modo a discutir e negociar uma personalização da organização do trabalho, que melhore a produtividade e a vida pessoal e familiar. É importante trabalhar continuamente na análise das necessidades dos/as trabalhadores/as, porque tendo em conta o clima de incerteza e de rápida mudança, as adaptações podem ter de ser reformuladas com frequência.

- Identifique situações específicas que necessitem de especial atenção e cuidado pelo impacto que causam na vida dos trabalhadores e trabalhadoras, nomeadamente alterações na dinâmica familiar, fragilidades económicas ou situações de doença (física ou psicológica), mediando soluções optimizadas.
- Trabalhe em proximidade com gestores/as e lideranças para alcançar e manter o equilíbrio da vida profissional e pessoal na organização. Sugira a flexibilização do horário de trabalho, possibilitando aos trabalhadores e trabalhadoras a adaptação do horário de trabalho às suas necessidades. Nem todas as pessoas são produtivas nos mesmos horários (algumas produzem melhor de manhã, outras à tarde, por exemplo) ou têm a mesma situação ou exigências familiares. Aplique uma perspectiva de flexibilidade aos seus horários e aos horários dos elementos da sua equipa, adoptando medidas que a potenciem.
- Dê o exemplo. Seja o/a primeiro/a a demonstrar compromisso, a usufruir e a aplicar estratégias de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Cumpra, sempre que possível, o horário de trabalho diário, tire férias e tempo para as suas actividades pessoais e familiares, priorize a Saúde Psicológica e o bem-estar.
- Sugira e crie acções que promovam o cumprimento dos períodos de descanso (momentos de pausa ao longo do dia, fins de semana e férias) e a realização de “horas extraordinárias” apenas em situações de excepção.
- Encoraje a definição de “horas de tranquilidade”, durante as quais os trabalhadores e trabalhadoras podem ignorar notificações ou adiar a resposta para outra altura, assegurando que estes saibam que não é esperado deles outro comportamento.
- Promova oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional (por exemplo, formação em horário flexível).
- Promova a criação de apoios para as famílias, em função das diferentes gerações de trabalhadores e trabalhadoras e das necessidades específicas do momento do ciclo de vida em que se encontram. Por exemplo, para trabalhadores/as com crianças pequenas, é possível disponibilizar descontos em jardins de infância e creches; horas de início ou término de trabalho flexíveis, de modo que as mães e pais possam ir levar/buscar as crianças à escola; facilidade de gestão do horário de modo a permitir cuidar de uma criança doente ou assistir a uma actividade das crianças no final do dia. Para trabalhadores/as que precisam de cuidar de familiares (os/as próprios/as mães e pais ou companheiro/a, por exemplo), pode reduzir-se a carga e o horário de trabalho ou viabilizar a possibilidade dos colegas se mobilizarem para criar um “banco de horas” para trabalhadores/as que esgotem o seu.
- Sugira a “oferta de tempo” aos trabalhadores e trabalhadoras na altura de grandes acontecimentos de vida (como a morte de um familiar, um divórcio, o diagnóstico de uma doença terminal a um familiar ou o nascimento de um filho).
- Procure implementar programas de regresso ao trabalho faseado, após o nascimento de um/a filho/a ou ausência prolongada por motivos de doença, por exemplo.
- Promova o estabelecimento de parcerias externas que facilitem aos trabalhadores e trabalhadoras o acesso à informação ou o recurso a medidas de apoio, benefícios e condições mais favoráveis. Por exemplo, parcerias com farmácias, clínicas de saúde, ginásios, lavandarias ou programas culturais e recreativos.
- Facilite a adopção de estilos de vida saudáveis e o autocuidado, nomeadamente no que diz respeito à prática de alimentação equilibrada e à actividade física regular.
- Promova a inclusão, no calendário anual da organização, de momentos de convívio e partilha entre os trabalhadores e trabalhadoras, a celebração de efemérides ou de momentos de sucesso da organização, bem como a existência de momentos de lazer para os trabalhadores (alguns dos quais incluindo as famílias dos/as trabalhadores/as).
- Implemente programas de transição progressiva e faseada para a reforma, que integrem a (re)construção do projecto pessoal de vida.
Comprometa-se com o seu bem-estar e Saúde Psicológica adoptando medidas de autocuidado.
Cuidar de si é essencial à manutenção da sua capacidade de cuidar dos outros. Descanse, faça pausas, alimente-se de forma saudável, faça exercício físico regular, mantenha contacto com familiares e amigos e procure ter tempos para actividades de lazer, praticando o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.